quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Uma reflexão sobre Dieta, Obesidade e Cultura


Trecho de uma dissertação minha...achei legal postar! Espero que gostem! =)



O porquê deste entrelaço de palavras chamou a atenção para o óbvio. Há uma relação direta entre as três palavras formadoras do tema em questão, e a partir dessas surgem outras palavras chaves importantíssimas para entender melhor o contexto.
A princípio, o papel da Biomedicina no tratamento de patologias. Esse poder de explicar é o papel fundamental da ciência, e temos como exemplo o estudo sobre a anatomia humana a partir da necropsia ou exame cadavérico. Exames esses que reforça ainda mais a ascensão da medicina, que durante o período das guerras, os corpos eram usados para análise e estudo, a fim de determinar a causa e modo de morte e avaliar qualquer doença ou ferimento.
Mas essa sede de saber não está atrelada só à ciência da saúde. Outro ponto crucial é a Cultura como forma de compreender as causas de certas patologias, pois não seria fácil explicar só através da Biomedicina como a obesidade foi construída.
Hoje, nem todos os alimentos saudáveis podem ser vistos na mesa da população de baixa renda. Muitos acham que para se ter saúde, sua refeição deve conter alimentos lights, diets, 0% de gordura, massas integrais. Há uma contradição nesses aspectos, se pararmos pra discutir com o olhar clínico e crítico do nutricionista ou de qualquer outra área que esteja situada neste campo. O ramo da produção alimentar cria alimentos livres de gordura, de açúcar, ricos em fibra, porém poliindustrializados, cheios de química e de conservantes – esses são os alimentos saudáveis da modernidade. Para os menos situados no assunto, esses produtos é uma forma de salvá-los da “gordurinha extra” ou “quilinhos extras”, como a maioria gosta de citar no cotidiano.
Falando sobre a mega produção de alimentos pelas multinacionais, induzir ao consumo de alguns produtos simplesmente por termos mais facilidade de acesso a eles do que a outros é que faz muitos preferirem alimentos industrializados. Alimentos prontos como biscoitos recheados, macarrão japonês (miojo), refeições prontas e congeladas ricas em gorduras trans, são muito mais fáceis de serem adquiridos por todas as classes e fazem com que a população se acomode em não fazer comida. Já o preparo de uma refeição rica em legumes e verduras, ou até mesmo um suco natural, é, certamente, mais difícil e demorado do que uma sopinha pronta de sache ou então um suco de caixinha do sabor que preferir prontinho nas prateleiras de qualquer mercado.
Isso ajuda e muito no aumento da obesidade. E na hora do tratamento? Será que todos os obesos assumem ser realmente obesos? Ou simplesmente “gordinhos” ou “fortes” por comerem um pouco além (muito além) do que é estipulado? No artigo de Fischler, sobre obeso benigno e maligno, ele aponta que muitos obesos são caracterizados a partir da profissão, é o exemplo de pessoas obesas que trabalham em lugares que exigem força braçal (construção civil é o exemplo mais comum) e são considerados “fortes”. Muitos não gostam de ser chamados de obesos, porque obesidade é doença, e ser “gordinho” não. Mas até mesmo os que são chamados de “gordinhos” sofrem no dia-a-dia. O estigma é uma das piores armas usadas para discriminar socialmente o obeso: é criticado, visto como relaxado, depressivo e alguém que não tem amor próprio.
E a Biomedicina? Como explicaria a causa e construção (surgimento) da obesidade? Será que a ciência conseguiria explicar sem falar da cultura, para assim compreendermos melhor todo o contexto da doença?
Segundo Michel Foucault, no livro O Nascimento da Clínica, diz que “o conhecimento das doenças é a bússola do medico; O sucesso da cura depende de um exato conhecimento da doença”. Para que esse exato conhecimento chegue ao profissional, é preciso estar atrelado ao contexto social e cultural do paciente (sujeito). A cultura está no contexto do sujeito e a clínica precisa estar situada nesse contexto para entender a causa e conseguir a cura.
É certo dizer que pessoas obesas sofrem de uma explicação excessiva da biomedicina, mas compreender o contexto de como o paciente adquiriu a doença, buscar a causa também através da cultura é o ponto fundamental para a redução da obesidade (...)

Por Iânua Brito




Um comentário:

  1. Ianua,
    GOSTEI MUITO DO CONTEÚDO DA POSTAGEM DO SEU BLOG. ELE REVELA QUE O SEU CURSO DE NUTRIÇÃO TEM SIDO PROVEITOSO PARA V. E UM SINAL EVIDENTE QUE LHE FARÁ UMA GRANDE PROFISSIONAL NESSA CIÊNCIA. CONTINUI ESTUDANDO SERIAMENTE PARA TIRAR O SEU CURSO O MAIS RÁPIDO POSSIVEL, POIS TEMPO VALE OURO.GOSTARIA DE LHE PEDIR A INSERÇÃO NO SEU BLOG DE REFLEXÕES CRISTÃS. AVANTE! SUCESSO!

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